Filtros históricos e espaciais estruturam metacomunidades de pequenos mamíferos na Mata Atlântica

Oral

Filtros históricos e espaciais estruturam metacomunidades de pequenos mamíferos na Mata Atlântica

A Mata Atlântica (MA) é um dos principais hotspots de biodiversidade do mundo, abrigando até 8% da biodiversidade global mesmo tendo perdido 70% de sua cobertura original. A MA possui história biogeográfica marcada por ciclos de isolamento, formação de refúgios climáticos e heterogeneidade ambiental. Tais processos levaram a elevados níveis de endemismo e diversidade. Ainda assim, pouco se sabe sobre como as comunidades de pequenos mamíferos (roedores e marsupiais), grupo que representa mais de 40% da fauna de mamíferos da MA e 66% dos mamíferos endêmicos, estão organizadas em escala regional. Neste estudo, avaliamos se os padrões de composição das comunidades de pequenos mamíferos são influenciados por filtros históricos (sub-regiões biogeográficas), espaciais (gradientes geográficos) e antrópicos (uso do solo). Para isso, compilamos dados de presença/ausência de 125 espécies em uma malha de hexágonos de 10.000 ha, com base em mais de 230 estudos publicados. Para investigar a organização espacial, aplicamos a abordagem dos Elementos de Estrutura de Metacomunidades, além de análise de agrupamento hierárquico, modelos aditivos generalizados e partição de variância. Como referência histórica, utilizamos a regionalização da Mata Atlântica proposta por Silva & Casteleti (2003). Os resultados indicam um padrão do tipo Clementsiano, com compartimentos com composição singular de espécies, compatíveis com regiões biogeográficas reconhecidas (como Araucária, Bahia e Pernambuco). Os eixos de ordenação da metacomunidade apresentaram forte correlação com latitude e longitude, enquanto a antropização teve efeito secundário. Na análise de variância encontramos que os fatores espaciais e regionais explicam a maior parte da variação observada nas comunidades. Perfis climáticos também se mostraram distintos entre os compartimentos. Esses resultados reforçam a importância de filtros históricos e espaciais na compreensão da estrutura ecológica da Mata Atlântica e apontam para o potencial de uso dos compartimentos biogeográficos como unidades-chave para conservação da biodiversidade, especialmente os com elevado endemismo e ameaças.

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